quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Produto da Microsoft tem missão similar a do Google



por Mitch Wagner | InformationWeek EUA



A missão do HealthVault, da Microsoft, é bem parecida com a do Google Health. "As informações de saúde são fragmentadas", afirma George Scriban, estrategista sênior global do Grupo de Serviços de Saúde da Microsoft. Os registros médicos de uma pessoa ficam espalhados pelos consultórios dos médicos que já a atenderam, cada farmácia em que ela comprou um remédio prescrito, laboratórios e até mesmo em aparelhos, como um medidor de glicose, em caso de diabéticos crônicos. A situação é ainda mais complicada em casos de pessoas que precisam gerenciar os registros médicos de toda a família. "São todos registros que você precisa ter em mãos para qualquer emergência, se não, sempre. E você precisa de um lugar para guardar tudo isso", completa. 
Assim como o Google, o HealthVault também tem parcerias com outras empresas. A Microsoft criou um conjunto de aplicativos e interfaces para o repositório de dados que permitem que terceiros se comuniquem com o HealthVault. Alguns desses serviços terceirizados buscam apenas trocar dados. Mas, em muitos casos, organizações como a Clínica Mayo, a Associação Americana do Coração e a Sociedade Americana do Câncer desenvolveram aplicativos usando os registros médicos do HealthVault. "É um serviço de armazenamento, mas também é uma plataforma, que oferece orientação individual e personalizada", revela Scriban. 
O Hospital Presbiteriano de Nova York uniu o HealthVault ao seu portal de pacientes, assim como a Faculdade de Medicina da Universidade Johns Hopkins, o fornecedor de PEP Allscripts e outros  que estão fazendo parceria com a Microsoft pelos serviços de Internet oferecidos. 
O HealthVault oferece os mesmos canais para inserção de dados e informações que o Google Health: se os provedores de serviços saúde forem parceiros da Microsoft, as pessoas podem dar permissão para o HealthVault acessar os registros. Outra alternativa é a inserção pessoal de dados. Dispositivos compatíveis como medidores de glicose, medidores de pressão arterial e conta-passos também podem enviar informações ao HealthVault. 
A Unival, que fornece serviços de Prontuário Eletrônico de Paciente (PEP), permite que os provedores de serviços de saúde enviem os registros via fax e a própria Unival transfere essas informações para o HealthVault, onde elas são armazenadas digitalmente. "Um fax não pode ser lido pela máquina, e dessa forma, fica tudo em um lugar só", lembra Scriban.

Grandes diferenças
Até agora, as ofertas do Google e da Microsoft parecem iguais, os mesmos tipos de serviço e, em alguns casos, até com os mesmos parceiros, como a Associação Americana do Coração. Mas, na verdade, são bem diferentes, de acordo com John Moore, analista da Chilmark Research. "A Microsoft tem investido pesado no HealthVault e no grupo de soluções de saúde", avalia. "O mesmo não pode ser dito a respeito do Google, que tem se mantido até que bem afastado, deixando que seu crescimento seja orgânico. De tempos em tempos, eles anunciam uma nova parceira e mais alguém se junta ao ecossistema."
A Microsoft também tem a vantagem de permitir que dispositivos biométricos enviem informações para o HealthVault usando o software Connection Center, do Windows. O Google se uniu à Continua Health Alliance com o mesmo objetivo, mas, até agora, são poucos os dispositivos compatíveis, "acredito que, por enquanto, tenha apenas um no mercado", diz Moore. 
Da mesma forma, o tamanho das equipes também é diferente. A Microsoft tem mais de 550 profissionais em seu Grupo de Soluções de Saúde. "Eu apostaria que o Google não tem mais de 18 profissionais", calcula Moore. Também de acordo com Moore, "a Microsoft tem uma abordagem mais estrutural e clínica, enquanto o Google Health está mais para uma plataforma de bem-estar".
As duas empresas estão correndo atrás da verba de estimulo para gastos com a saúde que soma mais de US$ 44 bilhões, de acordo com Moore. Um pouco desse dinheiro vai para médicos, funcionários e hospitais implementarem o Registro Pessoal de Saúde (RPS) até 2013, e os fornecedores de serviços de saúde podem se qualificar para receber parte dessa verba ao se aliarem ao Google ou à Microsoft.   
A Dossia, empresa que oferece RPS para seus funcionários como parte dos benefícios de saúde é uma possível concorrente da Microsoft e do Google, mas com uma abordagem bem diferente. A Dossia executa as mesmas funções do HealthVault e do Google Health - mas só se você for um funcionário ou familiar de algum funcionário que trabalha em algumas nas empresas aliadas. Por enquanto, apenas o Wal-Mart está conectado à Dossia. Outros membros, como a Intel, Pitney Bowes e a Vanguard Health devem se conectar em 2010. Assim, a Dossia cobrirá oito milhões de funcionários e familiares. "Pode ser uma plataforma bem substancial se os funcionários a usarem", disse Moore. 
O maior obstáculo para a adoção do RPS é a resistência dos consumidores e dos provedores de serviços de saúde, disse Paul Abramson, médico em São Francisco. "Os pacientes estão confusos, eles não entendem como isso se relaciona aos serviços de saúde", disse Abramson. "Se você for parar no pronto-socorro, eles não vão abrir o Google Health para acessar seu histórico. Não existe integração com qualquer sistema em tempo real que seja usado clinicamente." Em hospitais, "ninguém vai pensar em perguntar ao paciente se ele tem uma conta no HealthVault quando precisarem de registro médico", acrescenta. 
"O Registro Pessoal de Saúde vai passar a funcionar de verdade quando estiver mais bem integrado com os sistemas médicos atuais", completa Abramson. "Nesse momento, não passa de uma brincadeira." 

Nenhum comentário: