segunda-feira, 7 de abril de 2014

Crianças diagnosticadas com cardiopatias congênitas são operadas em Santarém

Equipe médica antes de iniciar o procedimento cirúrgico
Cansaço, falta de disposição, desmaios, respiração pesada e até mesmo rouxidão na pele. Estes são alguns dos sinais citados pelos pais das três crianças operadas no Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA) nos dias 5 e 6 de abril. As cirurgias tiveram aproximadamente duas horas de duração e foram realizadas pela primeira vez fora do Hospital das Clínicas (Belém), graças a uma parceria do Governo do Estado, Prefeitura de Santarém e a Dinâmica Hospitalar, empresa que realizou a doação das próteses para correção dos problemas cardíacos nas crianças de 4, 5 e 7 anos atendidas nesta primeira etapa do projeto.


A cirurgia contou com a presença da equipe do Hospital das Clínicas (HC) Dr. Rogério Miranda, cirurgião cardiopediatra e Dra. Camila Sozinho, médica pediatra do HC e HRBA, além do médico hemodinamicista, Dr. Jorge Hayashi. O cirurgião cardiopediatra explicou que em todo o Pará, cerca de 40% dos casos de cardiopatias congênitas estão no interior e a realização do procedimento em Santarém é o primeiro passo para a descentralização. “Este é um passo inicial muito importante. Estamos falando de cardiopatias em crianças muito pequenas, cardiopatias graves que faz com que a resolução aqui em Santarém traga um grande avanço para a Região. É fundamental fazer esta descentralização até porque temos um hospital de referência como o Hospital Regional”, afirmou Dr. Rogério.

A Secretária Municipal de Saúde (SEMSA), a médica pediatra Dra. Valdenira Cunha, falou sobre a importância da parceria para a realização do procedimento em Santarém. “Essa é uma parceria que nós vínhamos buscando deste o ano passado. Temos uma fila de crianças para fazer este procedimento no nosso TFD (Tratamento Fora do Domicilio) para serem realizadas no HC. Sabemos que esta fila em Belém é grande, então fomos atrás do Dr. Rogério Miranda que é um dos médicos que realiza o procedimento, e conseguimos fazer estas cirurgias. Esperamos que este projeto tenha sequencia e outras crianças sejam operadas em nossa cidade”, declarou Dra. Valdenira.

Para quem buscava tratamento e sabia da complexidade da doença, a realização do procedimento em Santarém representou a realização de um sonho. Assim o militar aposentado, José Maria Pinto Silva, avô de uma das crianças operadas, o pequeno Eduardo Silva, falou do procedimento. “Graças a Deus abriu esta porta aqui. Eu espero que outras crianças sejam contempladas com essa cirurgia porque é muito difícil sair de Santarém e buscar atendimento em outros centros. A gente sabe que a tendência desse quadro é progredir e isso causa preocupação, o meu neto, graças a Deus, já está curado”, falou o militar aposentado que irá comemorar em família a cirurgia e também o aniversário de 7 anos do menino que retornará a escola já nesta segunda-feira.

A pediatra Camila Sozinho falou sobre a complexidade da doença e sobre o benefício do procedimento. “Essa são crianças que tem problemas desde o nascimento e que a gente não consegue encaminhar para Belém por que o Hospital das Clínicas tem uma fila de espera muito grande. Essa é uma cirurgia de “peito fechado”, uma técnica muito moderna, onde é impulsionada uma veia na virilha e através desta veia é passado um cateter que chega até o coração da criança liberando uma prótese que faz a correção do canal arterial”, citou a médica após informar que o pós-cirúrgico também é uma vantagem da cirurgia uma vez que as crianças ficam 12 horas em observação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e 12 horas na Clínica Pediátrica, e em seguida recebem alta.

Além das três crianças atendidas nesta primeira etapa outras 27 ainda aguardam pela cirurgia em Santarém, crianças como a pequena Rebeca, que recebe acompanhamento a cada seis meses. Em Belém, a fila de espera por um procedimento como este é de 540 crianças. “Em 2012, eu a levei e o médico disse que ela iria fazer o cateterismo. A última consulta foi em novembro e a doutora Camila falou que provavelmente o profissional viesse porque tem como fazer essa cirurgia aqui. O hospital tem estrutura pra isso, só faltava o profissional. Eles acharam melhor trazer o profissional, o que melhorou pra gente que antes ia e ficava em casa de apoio, longe de parente era mais difícil, aqui é mais perto de casa”. Falou a dona de casa Maria Leila Bandeira Nogueira, que reside na Comunidade de Cabeceira do Marajá, região do Ituqui e que gasta em média 4 horas para se deslocar até Santarém.
O Diretor Geral do HRBA, Hebert Moreschi, falou sobre o avanço da Saúde em Santarém a partir da introdução de novas especialidades e das parcerias firmadas para a realização de procedimentos como a cirurgia cardiopediatra em crianças com cardiopatias congênitas. “A meta do Governo do Estado e da SESPA é cada vez mais descentralizar a assistência de alta complexidade para fora da Capital. O benefício é enorme, pois leva assistência de qualidade, segura e resolutiva para próximo do usuário, que pode se recuperar em sua casa, junto a sua família. Sem dúvida a parceria entre Governo do Estado, através da SESPA, Governo Municipal, através da SEMSA, Dinâmica Hospitalar e toda competente equipe médica, representou um enorme avanço para nossa região. Estamos muito felizes por nossos pequenos pacientes terem sido assistidos com acompanhamento de seus familiares aqui no HRBA e estarem se recuperando tão bem.”, concluiu Hebert.


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