Cansaço,
falta de disposição, desmaios, respiração pesada e até mesmo rouxidão
na pele. Estes são alguns dos sinais citados pelos pais das
três crianças operadas no Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA)
nos dias 5 e 6 de abril. As cirurgias tiveram aproximadamente duas horas
de duração e foram realizadas pela primeira vez fora do Hospital das
Clínicas (Belém), graças a uma parceria do Governo
do Estado, Prefeitura de Santarém e a Dinâmica Hospitalar, empresa que
realizou a doação das próteses para correção dos problemas cardíacos nas
crianças de 4, 5 e 7 anos atendidas nesta primeira etapa do projeto.
A
cirurgia contou com a presença da equipe do Hospital das Clínicas (HC)
Dr. Rogério Miranda, cirurgião cardiopediatra e Dra. Camila Sozinho,
médica pediatra do HC e HRBA, além do médico hemodinamicista, Dr. Jorge
Hayashi. O cirurgião cardiopediatra explicou que em todo o Pará, cerca
de 40% dos casos de cardiopatias congênitas estão no interior e a
realização do procedimento em Santarém é o primeiro
passo para a descentralização. “Este é um passo inicial muito
importante. Estamos falando de cardiopatias em crianças muito pequenas,
cardiopatias graves que faz com que a resolução aqui em Santarém traga
um grande avanço para a Região. É fundamental fazer
esta descentralização até porque temos um hospital de referência como o
Hospital Regional”, afirmou Dr. Rogério.
A
Secretária Municipal de Saúde (SEMSA), a médica pediatra Dra. Valdenira
Cunha, falou sobre a importância da parceria para a realização
do procedimento em Santarém. “Essa é uma parceria que nós vínhamos
buscando deste o ano passado. Temos uma fila de crianças para fazer este
procedimento no nosso TFD (Tratamento Fora do Domicilio) para serem
realizadas no HC. Sabemos que esta fila em Belém
é grande, então fomos atrás do Dr. Rogério Miranda que é um dos médicos
que realiza o procedimento, e conseguimos fazer estas cirurgias.
Esperamos que este projeto tenha sequencia e outras crianças sejam
operadas em nossa cidade”, declarou Dra. Valdenira.
Para
quem buscava tratamento e sabia da complexidade da doença, a realização
do procedimento em Santarém representou a realização de um sonho.
Assim o militar aposentado, José Maria Pinto Silva, avô de uma das
crianças operadas, o pequeno Eduardo Silva, falou do procedimento.
“Graças a Deus abriu esta porta aqui. Eu espero que outras crianças
sejam contempladas com essa cirurgia porque é muito difícil
sair de Santarém e buscar atendimento em outros centros. A gente sabe
que a tendência desse quadro é progredir e isso causa preocupação, o meu
neto, graças a Deus, já está curado”, falou o militar aposentado que
irá comemorar em família a cirurgia e também
o aniversário de 7 anos do menino que retornará a escola já nesta
segunda-feira.
A
pediatra Camila Sozinho falou sobre a complexidade da doença e sobre o
benefício do procedimento. “Essa são crianças que tem problemas
desde o nascimento e que a gente não consegue encaminhar para Belém por
que o Hospital das Clínicas tem uma fila de espera muito grande. Essa é
uma cirurgia de “peito fechado”, uma técnica muito moderna, onde é
impulsionada uma veia na virilha e através desta
veia é passado um cateter que chega até o coração da criança liberando
uma prótese que faz a correção do canal arterial”, citou a médica após
informar que o pós-cirúrgico também é uma vantagem da cirurgia uma vez
que as crianças ficam 12 horas em observação
na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e 12 horas na Clínica Pediátrica,
e em seguida recebem alta.
Além
das três crianças atendidas nesta primeira etapa outras 27 ainda
aguardam pela cirurgia em Santarém, crianças como a pequena Rebeca,
que recebe acompanhamento a cada seis meses. Em Belém, a fila de espera
por um procedimento como este é de 540 crianças. “Em 2012, eu a levei e
o médico disse que ela iria fazer o cateterismo. A última consulta foi
em novembro e a doutora Camila falou que
provavelmente o profissional viesse porque tem como fazer essa cirurgia
aqui. O hospital tem estrutura pra isso, só faltava o profissional.
Eles acharam melhor trazer o profissional, o que melhorou pra gente que
antes ia e ficava em casa de apoio, longe de
parente era mais difícil, aqui é mais perto de casa”. Falou a dona de
casa Maria Leila Bandeira Nogueira, que reside na Comunidade de
Cabeceira do Marajá, região do Ituqui e que gasta em média 4 horas para
se deslocar até Santarém.
O
Diretor Geral do HRBA, Hebert Moreschi, falou sobre o avanço da Saúde
em Santarém a partir da introdução de novas especialidades e das
parcerias
firmadas para a realização de procedimentos como a cirurgia
cardiopediatra em crianças com cardiopatias congênitas. “A meta do
Governo do Estado e da SESPA é cada vez mais descentralizar a
assistência de alta complexidade para fora da Capital. O benefício
é enorme, pois leva assistência de qualidade, segura e resolutiva para
próximo do usuário, que pode se recuperar em sua casa, junto a sua
família. Sem dúvida a parceria entre Governo do Estado, através da
SESPA, Governo Municipal, através da SEMSA, Dinâmica
Hospitalar e toda competente equipe médica, representou um enorme
avanço para nossa região. Estamos muito felizes por nossos pequenos
pacientes terem sido assistidos com acompanhamento de seus familiares
aqui no HRBA e estarem se recuperando tão bem.”, concluiu
Hebert.
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