terça-feira, 26 de agosto de 2014

HRBA realiza Cirurgia inédita no Pará que possibilitará que criança possa respirar sem ajuda de aparelhos

Três anos de muita fé, esperança e amor incondicional, assim Mirelle Matos Fernandes, mãe do pequeno Leonni Sami Matos Fernandes, que nasceu em 20 de abril de 2011, expressou seu sentimento com a realização do procedimento que possibilitará que seu filho possa sair da UTI Pediátrica do Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), em Santarém, região oeste do Pará, para conviver com a família, que neste meio tempo cresceu e ganhou um novo integrante, o pequeno João Felipe, de dois meses. A cirurgia foi realizada por uma equipe multiprofissional do HRBA, sob o comando dos cirurgiões torácicos Rodrigo Sardenberg (SP) e Antônio Bomfim (PA) e teve duração de aproximadamente três horas.

De acordo com o médico pediatra intensivista do HRBA, Dr. Daniel Calçado, que acompanha o paciente desde as suas primeiras horas de vida, Leonni foi diagnosticado com a Doença de Ondine, relacionada à falta de oxigenação no cérebro. “O Leonni chegou em 20 de abril, após uma falta de oxigenação no parto, com uma lesão generalizada em todos os músculos. Mas nosso paciente é inteligente, ele percebe todas as coisas, então se ele conseguir respirar sem o aparelho, poderá voltar pra casa”, declarou o pediatra.

Desde o nascimento a luta dos pais do pequeno Leonni foi árdua, o tempo ficou dividido entre a vida fora do hospital e a rotina de acompanhar o desenvolvimento do filho dentro da Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Após quase dois anos de espera, o sentimento que toma conta do casal Mirelle e Leonil Negrão Fernandes é de expectativa. “A expectativa é a melhor possível, depois de muita luta, acompanhando nosso filho aqui. Foram muitos altos e baixos, como é de se esperar de um paciente de UTI, uma luta árdua. É uma vitória quando a gente percebe que pessoas abraçaram a causa e fizeram a viabilidade do projeto. Esperamos que ele possa ir pra casa e conviva com seu irmãozinho João Felipe, que chegou há dois meses” declarou Leonil.

Bastante emocionado, Leonil falou sobre a realização da cirurgia em Santarém. “A emoção é muito grande, saber que esse procedimento pode ser viabilizado aqui no Pará, dentro do Hospital Regional, com um tratamento de excelência, e eu não posso deixar de fora todos, desde quem trabalha na organização da limpeza até os médicos, todos têm seu papel fundamental”, complementou Leonil, que fez questão de agradecer a todos que acompanharam a história de Leonni.

Com o procedimento de implantação do marcapasso diafragmático, o segundo em toda a região Norte, futuramente outros pacientes poderão ser contemplados, como informou o cirurgião torácico Antônio Bomfim. “Este é o primeiro caso daqui do Pará e não é só o estado que ganha, mas toda a região Norte, porque muitos pacientes tem indicação, tanto por problemas degenerativos como por problemas ocasionados por traumas. Hoje nós temos um médico para atender o Brasil e o nosso projeto é desmembrar em regiões”.

Sobre a recomendação médica para a realização da implantação de um marcapasso diafragmático, o especialista no assunto, o cirurgião Rodrigo Sardenberg explicou:  “A principal é a falta de respiração proveniente do comando do sistema nervoso central, no caso do Leonni. As vezes, o paciente nasce com essa deficiência e as vezes adquire com o decorrer do tempo, os pacientes tetraplégicos são bons candidatos ao uso do marcapasso e, atualmente estamos indicando em alguns casos de doenças neuromusculares, especialmente a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA)”.

A cirurgia teve aproximadamente três horas de duração, uma vitória conquistada por toda a equipe médica e também pelos familiares do pequeno Leonni, que em um prazo de três meses poderão receber seu filho em casa pela primeira vez. “Não houve nenhuma intercorrência e o marcapasso funcionou bem, os estímulos foram bem avaliados, o diafragma dele contraiu como esperado e nós estamos bastante satisfeitos e dentro de 20 a 30 dias nós começaremos o treinamento do músculo diafragmático com marcapasso”, disse Sardenberg.

O diretor geral do HRBA, Hebert Moreschi, falou sobre os trâmites realizados junto à Secretaria de Estado de Saúde do Pará (Sespa) para viabilizar a cirurgia, até então inédita no Pará. “Neste projeto foram analisados diversos fatores e benefícios, e um deles foi o de o paciente sair de uma UTI e poder estar em casa. Nós apresentamos o projeto para a Sespa, que deu a autorização para realização deste procedimento”.

Embora complexa, a cirurgia possibilitará ao paciente e à sua família e também à sociedade do oeste paraense, um bem muito maior que o imaginado. “Após esse processo o Leoni irá vai voltar ao seio da família porque na verdade, apesar de termos excelentes colaboradores aqui no hospital, que cuidam do Leonni com muito carinho, nada substitui o carinho dos pais. Lá a família vai dividir a responsabilidade com o hospital, recebendo o Leonni em casa, e nós teremos mais um leito disponível para atender a população. Então estamos muito felizes com mais este avanço da saúde em nossa região”, finalizou o diretor geral.