Silvete Sousa tem 29 anos de vida,
sendo que os últimos nove foram acompanhados por sessões de diálise. Ela faz
tratamento no Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA) três vezes por semana.
Cada sessão leva, em média, quatro horas. Silvete convive diariamente com um
dispositivo chamado cateter.
Cateter é um instrumento, em forma de
tubo, inserido em veias profundas e de maior circunferência para facilitar a administração
de medicamentos e a retirada de sangue para exames. Cateter é necessário,
principalmente, para a realização de hemodiálise e quimioterapia, já que os
tratamentos são fortes e agridem as veias dos braços. Para os pacientes, como
no caso de Silvete, o uso desse dispositivo significa um tratamento mais
confortável, porque fica livre de repetidas agulhadas nos braços.
Silvete conta que, no início, foi
difícil compreender todo o processo que envolvia o seu tratamento, mas entendeu
que ela também faz parte da própria recuperação e, por isso, toma todas as
precauções quanto à alimentação e ingestão de líquidos, assim como redobra os
cuidados com o seu cateter.
Silvete realiza sessões de diálise há 9 anos |
“Para dialisar, precisa do cateter. E
para viver com o cateter é complicado. Tem uma série de cuidados, porque é
fácil de infeccionar. Eu já sei quais são, já que ele é muito importante para
mim”, diz Silvete. Dentre esses cuidados, estão manter a área em torno do
dispositivo sempre seca; cobrir com plástico na hora do banho; evitar ficar por
cima do cateter ao dormir; e lembrar que atividades físicas devem ser
praticadas de forma muito cautelosa.
O enfermeiro Endryl Carvalho é
presidente do Grupo de Interesse em Cateter (GIC) do HRBA. O GIC foi
responsável pela realização do workshop sobre ‘Segurança do Paciente na
Inserção de Cateteres: 10 passos seguros’, nos dias 23 e 24 de julho. O evento
é uma forma de manter o constante aperfeiçoamento da equipe multiprofissional
do hospital. Técnicos, enfermeiros, médicos e residentes do hospital e de
outras instituições participaram das palestras.
O workshop é realizado anualmente e
busca sempre trazer inovações em dispositivos e informações que possam aumentar
a segurança dos pacientes durante os tratamentos. “Infelizmente alguns
procedimentos têm muitos riscos. Se o procedimento não for feito exatamente de
forma adequada, ele pode causar mais gravidade para o paciente, que já está
aqui para resolver um problema”.
O GIC também trabalha com a análise
de casos de inflamação de vaso sanguíneo gerado por trauma e de infecção
sanguínea na corrente sanguínea. “A gente tenta reduzir os riscos que esses
procedimentos trazem ao paciente e tenta implantar uma maior segurança em toda
a assistência”, explica Carvalho.
O Cirurgião Geral e Pediátrico,
Carlos Sinimbu, palestrou sobre a “importância de saber as indicações corretas
e as complicações, as vantagens e desvantagens de cada um desses acessos, para,
justamente, poder indicar e cuidar da melhor forma possível e, assim, evitar as
múltiplas complicações que esses pacientes podem ter”.
Cirurgião Carlos Sinimbu palestra sobre os cateteres de longa permanência |
A princípio, todos os pacientes que
passam por internação recebem um cateterismo periférico, que é a via de acesso
primário. Pacientes oncológicos recebem cateteres de longa permanência,
chamados Port-a-Cath, porque o
tratamento é intensivo e duradouro. Nesses casos, o cuidado exigido é maior
para que o instrumento dure por muito tempo e não cause estresse nem físico nem
mental ao paciente.
Sinimbu conta que é importante ter o feed back do paciente, porque se ele
estiver bem, a chance de o tratamento obter sucesso é grande, independente da
patologia. “Se o paciente for bem tratado, e ele ver que está sendo bem
acolhido, ele consegue ter força para lutar contra qualquer doença”, diz.
Cerca de 60% das infecções primárias
de corrente sanguínea vêm da manipulação de cateteres. O objetivo da palestra
da enfermeira Patrícia Pimentel, da empresa de tecnologia e inovação médica, ConvaTec,
foi alertar sobre os riscos de procedimentos incorretos e passar informações
capazes de ajudar a reduzir o quantitativo de infecções. “A partir do momento
em que eu faço a proteção, fixação e estabilização, eu diminuo o risco de
infecção devido ao fato de ter menor manipulação desse cateter e, quanto menor
a manipulação, eu tenho maior segurança para o paciente”.
Com novas técnicas e inovações dos
cateteres, além de reduzir o quadro de infecções e, consequentemente, o gasto
com esses tratamentos, diminui-se o tempo de permanência e aumenta a
rotatividade no hospital, melhorando a qualidade na assistência.
Silvete em sessão de diálise no Hospital Regional |
Mesa de abertura do workshop |
Equipe multiprofissional marca presença no evento |