quarta-feira, 29 de julho de 2015

Equipe multiprofissional do HRBA participa de workshop sobre manipulação de cateter


Silvete Sousa tem 29 anos de vida, sendo que os últimos nove foram acompanhados por sessões de diálise. Ela faz tratamento no Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA) três vezes por semana. Cada sessão leva, em média, quatro horas. Silvete convive diariamente com um dispositivo chamado cateter.
Cateter é um instrumento, em forma de tubo, inserido em veias profundas e de maior circunferência para facilitar a administração de medicamentos e a retirada de sangue para exames. Cateter é necessário, principalmente, para a realização de hemodiálise e quimioterapia, já que os tratamentos são fortes e agridem as veias dos braços. Para os pacientes, como no caso de Silvete, o uso desse dispositivo significa um tratamento mais confortável, porque fica livre de repetidas agulhadas nos braços.
Silvete conta que, no início, foi difícil compreender todo o processo que envolvia o seu tratamento, mas entendeu que ela também faz parte da própria recuperação e, por isso, toma todas as precauções quanto à alimentação e ingestão de líquidos, assim como redobra os cuidados com o seu cateter.
Silvete realiza sessões de diálise há 9 anos 

“Para dialisar, precisa do cateter. E para viver com o cateter é complicado. Tem uma série de cuidados, porque é fácil de infeccionar. Eu já sei quais são, já que ele é muito importante para mim”, diz Silvete. Dentre esses cuidados, estão manter a área em torno do dispositivo sempre seca; cobrir com plástico na hora do banho; evitar ficar por cima do cateter ao dormir; e lembrar que atividades físicas devem ser praticadas de forma muito cautelosa.
O enfermeiro Endryl Carvalho é presidente do Grupo de Interesse em Cateter (GIC) do HRBA. O GIC foi responsável pela realização do workshop sobre ‘Segurança do Paciente na Inserção de Cateteres: 10 passos seguros’, nos dias 23 e 24 de julho. O evento é uma forma de manter o constante aperfeiçoamento da equipe multiprofissional do hospital. Técnicos, enfermeiros, médicos e residentes do hospital e de outras instituições participaram das palestras.
O workshop é realizado anualmente e busca sempre trazer inovações em dispositivos e informações que possam aumentar a segurança dos pacientes durante os tratamentos. “Infelizmente alguns procedimentos têm muitos riscos. Se o procedimento não for feito exatamente de forma adequada, ele pode causar mais gravidade para o paciente, que já está aqui para resolver um problema”.
O GIC também trabalha com a análise de casos de inflamação de vaso sanguíneo gerado por trauma e de infecção sanguínea na corrente sanguínea. “A gente tenta reduzir os riscos que esses procedimentos trazem ao paciente e tenta implantar uma maior segurança em toda a assistência”, explica Carvalho.
O Cirurgião Geral e Pediátrico, Carlos Sinimbu, palestrou sobre a “importância de saber as indicações corretas e as complicações, as vantagens e desvantagens de cada um desses acessos, para, justamente, poder indicar e cuidar da melhor forma possível e, assim, evitar as múltiplas complicações que esses pacientes podem ter”.
Cirurgião Carlos Sinimbu palestra sobre 
os cateteres de longa permanência
A princípio, todos os pacientes que passam por internação recebem um cateterismo periférico, que é a via de acesso primário. Pacientes oncológicos recebem cateteres de longa permanência, chamados Port-a-Cath, porque o tratamento é intensivo e duradouro. Nesses casos, o cuidado exigido é maior para que o instrumento dure por muito tempo e não cause estresse nem físico nem mental ao paciente.
Sinimbu conta que é importante ter o feed back do paciente, porque se ele estiver bem, a chance de o tratamento obter sucesso é grande, independente da patologia. “Se o paciente for bem tratado, e ele ver que está sendo bem acolhido, ele consegue ter força para lutar contra qualquer doença”, diz.
Cerca de 60% das infecções primárias de corrente sanguínea vêm da manipulação de cateteres. O objetivo da palestra da enfermeira Patrícia Pimentel, da empresa de tecnologia e inovação médica, ConvaTec, foi alertar sobre os riscos de procedimentos incorretos e passar informações capazes de ajudar a reduzir o quantitativo de infecções. “A partir do momento em que eu faço a proteção, fixação e estabilização, eu diminuo o risco de infecção devido ao fato de ter menor manipulação desse cateter e, quanto menor a manipulação, eu tenho maior segurança para o paciente”.
Com novas técnicas e inovações dos cateteres, além de reduzir o quadro de infecções e, consequentemente, o gasto com esses tratamentos, diminui-se o tempo de permanência e aumenta a rotatividade no hospital, melhorando a qualidade na assistência.

Silvete em sessão de diálise no Hospital Regional
Mesa de abertura do workshop
Equipe multiprofissional marca presença no evento