Na última sexta-feira, 17, teve
início a VII Jornada Cirúrgica do Rio Arapiuns. Neste ano, a base do Projeto
foi montada na Comunidade do Mentai, que fica a 07 horas de barco de Santarém.
A jornada foi organizada pelos Expedicionários da Saúde em parceria com a
Secretaria Municipal de Saúde, 8°
Batalhão de Engenharia e Construção, Governo do Estado do Pará e Pró-Saúde,
através do Hospital Regional do Baixo Amazonas. No total serão cinco dias de
atendimentos clínicos e procedimentos cirúrgicos. A expectativa é que até o
final da Expedição sejam realizadas 100 cirurgias gerais e 70 cirurgias
oftalmológicas, dentre outros atendimentos.
“A
programação é para atender 83 comunidades do Rio Arapiuns, que recebem
acompanhamento durante o ano todo da Equipe de Saúde da Família Fluvial, que
trabalham na atenção básica à saúde, em que se identifica pessoas com doenças,
como Hérnias e Catarata, que são simples de tratar. Mas, que necessitam de
certa estrutura que o Barco-Hospital Abaré II, que realiza a viagens para a
região, não dispõe para a realização destes procedimentos. Também estão
disponíveis no Navio Abaré, consultas médicas de Clínica Geral, Pediátrica,
Ginecológica e procedimentos odontológicos, com média de atendimento diário de
25 pacientes por especialidade”, informou a Enfermeira Marcela Brasil, membro
da equipe de Coordenadores da Jornada.
Jornalista Rema Nagarajan (centro) |
A repórter
indiana, Rema Nagarajan, fez a cobertura do evento para o Jornal The Times of
India e ficou bastante impressionada com a estrutura montada em pleno “Coração
da Amazônia”, em local de difícil acesso. Rema também ressalta a qualidade do
atendimento realizado e o fato de todos os profissionais envolvidos no projeto
trabalharem voluntariamente. “É uma movimentação impressionante, eles vêm de
diferentes cidades e regiões. São excelentes profissionais e voluntários. Os
equipamentos são de alta tecnologia e a qualidade do atendimento é excelente.
Não temos algo parecido em meu país. É um modelo muito interessante pra ser
aplicado lá”, concluiu a jornalista.
“O
trabalho para a jornada começa com um ano de antecedência, com uma equipe de
enfermeiros realizando a triagem desses pacientes, avaliando os casos de
cirurgias mais simples. Depois as comunidades são divididas, e deste modo,
sabemos onde os pacientes estão para montar a logística de transporte destas
pessoas para que sejam realizados os procedimentos. Temos um fluxo de barcos
que fazem o translado destes pacientes de suas comunidades até a base onde
serão realizadas as cirurgias. Duas embarcações buscam alternadamente os
pacientes que vão passar pelo procedimento cirúrgico. Assim, enquanto um grupo
passa por todo o processo na Comunidade do Mentai, desde o acolhimento,
avaliações médicas, cirurgia e acompanhamento pós-operatório, a outra
embarcação sai para o deslocamento da próxima comunidade que será atendida”,
contou Dr. Fábio Tozzi, médico cirurgião geral e vascular do HRBA e um dos
Coordenadores do Projeto.
A
Equipe dos Expedicionários da Saúde já existe há nove anos. Nesse período, já
ultrapassaram a marca de 3 mil cirurgias e mais de 20 mil atendimentos
realizados em comunidades indígenas e ribeirinhas.
Márcia Abdala (centro) |
“Este ano a
equipe é composta por 35 membros, todos voluntários. São 20 médicos cirurgiões,
05 enfermeiros e 10 profissionais de logística, responsáveis pela montagem de
toda a estrutura elétrica para o funcionamento dos Centros Cirúrgicos. Contamos
com a parceria dos órgãos de saúde, com doação de insumos, fornecimento de
medicamentos e profissionais da área para composição da equipe de atendimento e
a alimentação tanto para os pacientes, quanto para os profissionais envolvidos
na ação. O apoio dos comunitários também foi bastante significativo. A partir
de experiências em outras expedições, eles organizaram todo o espaço onde
seriam montados, o centro cirúrgico e o espaço para o pré e o pós-operatório. A
comunidade está realmente de parabéns pela organização”, ressaltou Márcia
Abdala, Coordenadora dos Expedicionários da Saúde.
A
lavradora Inocência Anjos da Gama, 68 anos, reside na Comunidade São José I e
participa da Jornada pela primeira vez. Após avaliação do anestesiologista
passará por cirurgia oftalmológica para tratamento de Catarata no olho esquerdo
e avaliação do comprometimento pela doença no olho direito. Afirma que o projeto
é muito importante para a melhoria da qualidade de vida de pessoas como ela,
que moram em áreas muito afastadas e de difícil deslocamento e já está em idade
avançada. Além disso, ela não teria condições de se manter em Santarém, caso a
cirurgia fosse realizada na cidade. "Com a Jornada fica muito mais fácil.
A cirurgia é marcada e os próprios enfermeiros vão até minha comunidade buscar
todas as pessoas que vão ser operadas. Chegando aqui já tem um lugar onde posso
permanecer depois da operação com minha filha que está me acompanhando. Temos
alimentação, lugar para ficar e amanhã eles me levarão para casa",
concluiu Dona Inocência.
Procedimento Cirúrgico |
Dionor
Figueiredo de Moraes, 38 anos, morador da Comunidade Cachoeira do Aruã, aguarda
para realização do procedimento de Hérnia Inguinal. “Há três meses essa mesma
cirurgia foi marcada pra mim em Santarém. Mas, não tive como chegar até lá e
acabei não comparecendo para a cirurgia e agora terei a oportunidade de
realizá-la”, contou Dionor, que explica que seu pai também passou por Cirurgia
Oftalmológica na última Expedição, para tratamento de Catarata, e está bastante
satisfeito com o resultado após um ano do procedimento realizado.
Para o Diretor Geral do HRBA, Hebert
Moreschi, a parceria nessas ações é importantíssima para levar ações de saúde a
localidades de difícil acesso. “O Governo do Estado do Pará, a Pró-Saúde e o
Hospital Regional do Baixo Amazonas tem muito orgulho de serem parceiros dos
Expedicionários da Saúde na VII Jornada Cirúrgica do Rio Arapiuns. Já
participamos desse mesmo projeto em anos anteriores e o resultado é sempre
excelente, pois conseguimos levar assistência de qualidade e resolutiva a
Comunidades muito distantes de grandes centros em que o acesso é um grande
fator dificultador. Esse projeto se adapta perfeitamente à realidade na nossa
região e com certeza estaremos presentes nos próximos anos”, conclui Hebert.
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