A doação de
órgãos e tecidos no Brasil ainda enfrenta diversas barreiras, que vão desde o
desconhecimento do público doador até o funcionamento do processo de captação,
por parte da família. O Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), em
Santarém, está habilitado a realizar captações de órgãos, desde 2012. No
entanto, até o momento, ainda é baixo o número de doadores. Até 2015, quase 70
notificações de possíveis doadores foram realizadas, mas apenas oito se
concretizaram. No sábado, 27/02, foi realizada a primeira captação do
ano.
O doador W.P., de 19 anos, teve morte encefálica. Para
o pai, a tristeza causada pela perda do filho pode ser amenizada pela alegria
proporcionada às pessoas que receberam os órgãos. “Para mim é um gesto de
solidariedade, podendo salvar a vida de outras pessoas. Eu decidi, junto com a
minha esposa, a doar os órgãos porque é um ato de amor. Espero poder receber um
abraço dessas pessoas que foram agraciadas”, conta Paulo Pinto.
A diretora técnica
do HRBA, a médica Lívia Corrêa, afirma que a doação de órgãos e tecidos é
essencial para salvar outras pessoas e a prática deve ser estimulada. “A
doação, acima de tudo, é um gesto de amor ao próximo. A família consegue
superar a dor que sente da perda do ente querido e tem esse nobre gesto de doar
o órgão e tecido que salva a vida de várias pessoas”.
O hospital ainda não realiza transplantes, mas está
habilitado a captar válvulas do coração, fígado, rins, córneas e
tecidos. Quando há um potencial doador, a Organização à Procura de Órgãos
(OPO) comunica a doação à Central de Notificação, Captação e Distribuição de
Órgãos (CNCDO), que aciona o Sistema Nacional de Transplante (SNT) e
disponibiliza os órgãos e tecidos para doação. Desde 2012, quando esse serviço
foi implantado no Hospital Regional de Santarém, já foram captados 49 órgãos e
tecidos.
O crescimento no
número de doadores ainda é lento, principalmente em função das barreiras que
passam pela falta de informação, preconceito e temor. As principais causas
das negativas estão relacionadas ao desconhecimento familiar sobre o desejo de
doação do falecido, ao fato de os familiares desejarem manter a
integridade do corpo e o receio de haver demora na liberação. A doação
também pode acontecer em vida, como rins, parte do fígado e medula óssea. “É
impossível termos transplantes sem que haja a doação. As captações de órgãos
feitas no HRBA possibilitaram a dezenas de pessoas, que estavam na
fila de espera por um transplante, obter essa nova oportunidade, que
representa, em muitos casos, a continuidade da própria vida”, afirma o
diretor geral do HRBA, Hebert Moreschi.
Processo de doação
Para que uma doação
seja concretizada, a família do doador deve autorizar o procedimento. Por isso,
é importante expressar, em vida, o desejo de doar órgãos e tecidos. A recusa
familiar tem sido fator determinante para que o número de doações permaneça
baixo.
A Organização à
Procura de Órgãos (OPO) do HRBA tem investido na conscientização da população e
na detecção mais rápida e precisa dos casos de morte encefálica - que é a
parada definitiva e irreversível do cérebro e tronco cerebral, provocando em
poucos minutos a falência de todo o organismo - aptos para doação.
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