Três anos de muita fé, esperança e amor incondicional, assim Mirelle
Matos Fernandes, mãe do pequeno Leonni Sami Matos Fernandes, que nasceu
em 20 de abril de 2011, expressou seu sentimento com a realização do
procedimento que possibilitará que seu filho possa sair da UTI
Pediátrica do Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), em Santarém,
região oeste do Pará, para conviver com a família, que neste meio tempo
cresceu e ganhou um novo integrante, o pequeno João Felipe, de dois
meses. A cirurgia foi realizada por uma equipe multiprofissional do
HRBA, sob o comando dos cirurgiões torácicos Rodrigo Sardenberg (SP) e
Antônio Bomfim (PA) e teve duração de aproximadamente três horas.
De acordo com o médico pediatra intensivista do HRBA, Dr. Daniel
Calçado, que acompanha o paciente desde as suas primeiras horas de vida,
Leonni foi diagnosticado com a Doença de Ondine, relacionada à falta de
oxigenação no cérebro. “O Leonni chegou em 20 de abril, após uma falta
de oxigenação no parto, com uma lesão generalizada em todos os músculos.
Mas nosso paciente é inteligente, ele percebe todas as coisas, então se
ele conseguir respirar sem o aparelho, poderá voltar pra casa”,
declarou o pediatra.
Desde o nascimento a luta dos pais do pequeno Leonni foi árdua,
o tempo ficou dividido entre a vida fora do hospital e a rotina de
acompanhar o desenvolvimento do filho dentro da Unidade de Terapia
Intensiva (UTI). Após quase dois anos de espera, o sentimento que toma
conta do casal Mirelle e Leonil Negrão Fernandes é de expectativa. “A
expectativa é a melhor possível, depois de muita luta, acompanhando
nosso filho aqui. Foram muitos altos e baixos, como é de se esperar de
um paciente de UTI, uma luta árdua. É uma vitória quando a gente percebe
que pessoas abraçaram a causa e fizeram a viabilidade do projeto.
Esperamos que ele possa ir pra casa e conviva com seu irmãozinho João
Felipe, que chegou há dois meses” declarou Leonil.
Bastante emocionado, Leonil falou sobre a realização da
cirurgia em Santarém. “A emoção é muito grande, saber que esse
procedimento pode ser viabilizado aqui no Pará, dentro do Hospital
Regional, com um tratamento de excelência, e eu não posso deixar de fora
todos, desde quem trabalha na organização da limpeza até os médicos,
todos têm seu papel fundamental”, complementou Leonil, que fez questão
de agradecer a todos que acompanharam a história de Leonni.
Com o procedimento de implantação do marcapasso diafragmático, o
segundo em toda a região Norte, futuramente outros pacientes poderão ser
contemplados, como informou o cirurgião torácico Antônio Bomfim. “Este é
o primeiro caso daqui do Pará e não é só o estado que ganha, mas toda a
região Norte, porque muitos pacientes tem indicação, tanto por
problemas degenerativos como por problemas ocasionados por traumas. Hoje
nós temos um médico para atender o Brasil e o nosso projeto é
desmembrar em regiões”.
Sobre a recomendação médica para a realização da implantação de um
marcapasso diafragmático, o especialista no assunto, o cirurgião Rodrigo
Sardenberg explicou: “A principal é a falta de respiração proveniente
do comando do sistema nervoso central, no caso do Leonni. As vezes, o
paciente nasce com essa deficiência e as vezes adquire com o decorrer do
tempo, os pacientes tetraplégicos são bons candidatos ao uso do
marcapasso e, atualmente estamos indicando em alguns casos de doenças
neuromusculares, especialmente a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA)”.
A cirurgia teve aproximadamente três horas de duração, uma vitória
conquistada por toda a equipe médica e também pelos familiares do
pequeno Leonni, que em um prazo de três meses poderão receber seu filho
em casa pela primeira vez. “Não houve nenhuma intercorrência e o
marcapasso funcionou bem, os estímulos foram bem avaliados, o diafragma
dele contraiu como esperado e nós estamos bastante satisfeitos e dentro
de 20 a 30 dias nós começaremos o treinamento do músculo diafragmático
com marcapasso”, disse Sardenberg.
O diretor geral do HRBA, Hebert Moreschi, falou sobre os
trâmites realizados junto à Secretaria de Estado de Saúde do Pará
(Sespa) para viabilizar a cirurgia, até então inédita no Pará. “Neste
projeto foram analisados diversos fatores e benefícios, e um deles foi o
de o paciente sair de uma UTI e poder estar em casa. Nós apresentamos o
projeto para a Sespa, que deu a autorização para realização deste
procedimento”.
Embora complexa, a cirurgia possibilitará ao paciente e à sua família
e também à sociedade do oeste paraense, um bem muito maior que o
imaginado. “Após esse processo o Leoni irá vai voltar ao seio da família
porque na verdade, apesar de termos excelentes colaboradores aqui no
hospital, que cuidam do Leonni com muito carinho, nada substitui o
carinho dos pais. Lá a família vai dividir a responsabilidade com o
hospital, recebendo o Leonni em casa, e nós teremos mais um leito
disponível para atender a população. Então estamos muito felizes com
mais este avanço da saúde em nossa região”, finalizou o diretor geral.
Nenhum comentário:
Postar um comentário