segunda-feira, 7 de março de 2011

Cientistas testam fungo para acabar com malária



Um fungo transgênico é a mais nova arma contra a malária. Pesquisadores inseriram dois genes no fungo Metarhizium anisopliae, que infecta insetos. Um deles produz um anticorpo (molécula responsável por combater infecções) e o outro, uma toxina obtida de escorpiões. As duas substâncias matam o microrganismo causador da malária. A ideia é infectar mosquitos com o fungo, eliminando o parasita dentro do inseto.
A equipe de cientistas de universidades britânicas e americanas inclui o brasileiro Marcelo Jacob-Lorena, da Escola de Saúde Pública John Hopkins, nos Estados Unidos. Um estudo publicado no último número da revista Science analisa a eficácia da técnica.
Os cientistas estudaram três grupos de mosquitos Anophelesportadores do Plasmodium falciparum, um dos protozoários que causam malária. O primeiro grupo foi exposto ao fungo transgênico. O segundo foi infectado pelo mesmo fungo, mas em sua condição natural, sem os dois genes antimalária. O terceiro serviu como controle, sendo poupado do contato com o fungo.
Apenas 25% dos mosquitos infectados pelo fungo transgênico apresentaram protozoários nas suas glândulas salivares. O mesmo porcentual, em insetos expostos ao fungo comum, foi de 87% e no grupo controle, 94%.
Mesmo nos 25% de mosquitos que ainda portavam o protozoário, houve redução de 95% no número de parasitos encontrados nas glândulas salivares, em comparação com a mesma contagem nos insetos expostos ao fungo comum.  O coordenador da pesquisa, Raymond St. Leger, da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, diz que o principal objetivo é iniciar os testes em campo na África o mais rápido possível.
Elói Garcia, do Instituto Oswaldo Cruz (IOC-Fiocruz), elogia a estratégia.
– Os insetos adquirem rapidamente resistência aos inseticidas e aos métodos de controle biológico. É praticamente impossível eliminá-los em seu hábitat natural. Muito mais inteligente é fazer com que eles não carreguem o protozoário da malária.

No Brasil
Garcia relata que a Fiocruz também tem pesquisado uma abordagem semelhante para eliminar o Trypanosoma cruzi, microrganismo causador da doença de Chagas, dentro de barbeiros, inseto que atua como vetor da doença.
Mas, em vez de fungos transgênicos, os brasileiros utilizam bactérias.
– Há várias bactérias capazes de matar o T. cruzi. Não utilizamos organismos transgênicos, pois exigem um esforço muito maior para obter as autorizações sanitárias.
Fonte: Agência Estado

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