segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Estudo sueco investiga por que alguns diabéticos não têm complicações



SÃO PAULO - Muitas pesquisas têm sido realizadas para descobrir os motivos pelos quais as pessoas com diabete desenvolvem complicações. Agora, cientistas fazem a pergunta inversa: eles querem saber por que alguns pacientes não têm essas complicações. O que é que os protege? O estudo Prolong (de "PROtetor da LONGevidade") pretende responder à questão.
"A maioria dos diabéticos, ao longo dos anos, desenvolve complicações graves ou fatais, mas entre 10% e 15% estão livres. Eles são os únicos em que estamos interessados", afirma Valeriya Lyssenko, que conduz o estudo juntamente com Peter Nilsson, ambos do Centro de Diabete da Universidade de Lund, na Suécia.
As principais complicações da diabete incluem doenças renais (nefropatias), lesões oculares (retinopatia), ataques cardíacos e derrames.

Artérias rígidas e açucaradas

Apesar de décadas de intensa pesquisa sobre as complicações da diabete, esses mecanismos fundamentais ainda não são totalmente conhecidos. Também não é possível prevenir ou tratar os danos aos vasos sanguíneos que atingem a maioria dos pacientes.
O risco de morrer de doenças cardiovasculares é de duas a três vezes maior para os doentes do que para os não-doentes. Os pequenos vasos sanguíneos também são prejudicados. Depois de apenas 10 anos com diabete, 70% das pessoas terão algum tipo de dano renal que poderá progredir para insuficiência. Como muitos sofrem de complicações oculares, alguns desenvolvem deficiência grave e 2% ficam cegos.
"Os vasos sanguíneos e outros órgãos do corpo tornam-se revestidos de açúcar e rígidos. É similar ao envelhecimento biológico precoce", compara Nilsson.

Metade dos "veteranos"

Talvez a própria natureza possa responder à pergunta de por que alguns pacientes são protegidos. Hoje existem cerca de 12 mil pessoas na Suécia com diabete há mais de 30 anos, das quais 1.600 têm a doença há mais de 50 anos.
"Cerca de metade desses 'veteranos' não têm maiores complicações. Dois terços dos que têm essa condição há mais de 50 anos escaparam de problemas relacionados. É claro que essas pessoas são diferentes e queremos saber o que é que as protege", afirma Valeriya.

Maior risco passa depois de 30 anos

O levantamento piloto, na província sueca de Escânia, avalia pacientes com diabete há mais de 30 anos. Num estágio posterior, portadores serão recrutados em todos os hospitais e centros de saúde do país. Eles serão comparados com os diabéticos que já desenvolveram complicações graves, apesar de terem a doença há menos de 15 anos.
O limite de 30 anos foi escolhido porque um indivíduo que tem diabete há muito tempo sem desenvolver complicações é improvável que apresente isso mais tarde.

Copiar os mecanismos de proteção da natureza

Os participantes vão responder a perguntas sobre sua vida e as doenças que eles ou seus parentes próximos apresentam. Várias amostras de sangue, incluindo testes genéticos, serão analisadas, e parentes dos voluntários também serão convidados a colaborar.
"Se pudermos identificar os fatores que protegem esses veteranos de complicações devastadoras, então pode ser possível desenvolver drogas que façam a mesma coisa", avalia Valeriya.

Fonte: Jornal O Estado de São Paulo

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